Em cima da minha cabeça
Duas nuvens no céu limpo de inverno
Separadas pelo azul aquecido de um sol
- que não consegue tocar a nossa pele
Até que o vento que congela as nossas faces
Força as nuvens a se encontrar
Faz frio onde estamos
E ainda que estejamos tão distantes
Quando estas nuvens se tocam
Formando então um desenho
Que não reconhecemos (mas sentimos)
Me lembram o que não consigo esquecer
Há tanta coisa na vida que são eternos mistérios...
Será por isso que fazem-se tão belas todas as coisas?
Assim, enquanto não houver respostas
Para todas as nossas dúvidas
Não nos cansaremos de buscar um ao outro
Assim como as flores que - amarrotadas
Esperam a primavera para desabrochar
E ainda depois de desamarrotadas
Não entendem, mas encantam - e sabem!
Até aqueles que passam apressados
(Pois querem dizer alguma coisa)
E até que o sol toque minha pele
Avisando que chegou a hora de despertar
Outros diálogos mudos tentarão me mostrar
Dezenas de coisas que palavras não explicam
Deus, tire de mim essa mania de ser botão
Preciso respirar ...
(Débora Paixão)