tag:blogger.com,1999:blog-44788553576085805182024-03-13T07:18:08.455-03:00. tudo que fica no ar .Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.comBlogger211125tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-21386035122412020802022-11-20T20:48:00.001-03:002022-11-20T20:48:11.042-03:00tapeçaria<div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;">meu passado é uma tapeçaria grossa</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;">mas fajuta<br />toda linha que teceu minha trama<br />teve em si uma mentira<br />uma lágrima<br />e uma maldade requintada<br />dos males que tramei<br />fui a única atingida<br />poeira fina de maldade <br />sob minha tapeçaria<br />os males que fiz aos outros mal sabem<br />porque antes eles me fizeram mal sem saber <br />eu não queria me vingar<br />só segui tramando a partir do ponto que deixaram em minhas mãos<br />o meu passado é uma tapeçaria grossa<br />que esconde as memórias mais terríveis<br />mas como é fajuta<br />permite que memórias escapem pelos buracos<br />tem tantos rombos no meu passado<br />mas é uma tapeçaria<br />por baixo dela<br />entre as poeiras<br />esconde-se o futuro inevitável<br />nada faço além de colecionar passados<br />deixo o presente passar<br />passivo<br />incapaz de qualquer gesto </span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;">Débora Paixão</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;">@tudoqueficanoar</span></div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-24199785263941431392021-08-23T21:23:00.004-03:002022-11-19T14:23:34.792-03:00sê semente<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Ft9Dh-bmgWQ/YSQ7y4BFAsI/AAAAAAABFHE/ffC_tOeH5TQcm3pcCxY70OxZ0_U4u1i2ACLcBGAsYHQ/s1008/semente%2Bjacarand%25C3%25A1.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1008" data-original-width="755" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-Ft9Dh-bmgWQ/YSQ7y4BFAsI/AAAAAAABFHE/ffC_tOeH5TQcm3pcCxY70OxZ0_U4u1i2ACLcBGAsYHQ/w300-h400/semente%2Bjacarand%25C3%25A1.jpeg" width="300" /></a></div><p><br /></p><p>há bastante poesia no modo como as sementes nos falam sobre a vida</p><div style="text-align: left;">dentro de cada uma delas dorme um segredo</div><div style="text-align: left;">que só é revelado quando se planta</div><div style="text-align: left;">aí se sabe: é ou não é</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">e é melhor saber de uma vez</div><div style="text-align: left;">que de uma semente de miosótis não nascerá girassol</div><div style="text-align: left;">quiçá miosótis nasça</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">para saber se a semente é boa</div><div style="text-align: left;">é preciso lançá-la sobre a terra;</div><div style="text-align: left;">deixar que seu segredo desperte;</div><div style="text-align: left;">sossegar a agonia da espera;</div><div style="text-align: left;">e contemplar a certeza que o tempo traz!</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">numa gaveta escura não nascerá flores</div><div style="text-align: left;">tampouco sonhos poderão brotar</div><div style="text-align: left;">em terreno seco e sem luz</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">é preciso deixar que chova sobre a superfície</div><div style="text-align: left;">que a pele do corpo e da terra suguem a vida contida na água</div><div style="text-align: left;">que o calor do sol aqueça e transforme a vida encapsulada</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">segredos aguardam o despertar</div><div style="text-align: left;">sonhos aguardam</div><div style="text-align: left;">mas exigem condições</div><div style="text-align: left;">dê a eles tudo que precisam</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">úmida</div><div style="text-align: left;">a terra é mais disposta</div><div style="text-align: left;">a sementes</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">como as emoções</div><div style="text-align: left;">aos olhos que se deixam molhar</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: right;"><i>- Débora Paixão</i></div><div style="text-align: right;"><i>@tudoqueficanoar</i></div><div style="text-align: right;"><i>@debpaixao</i></div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-832156074788349502021-06-06T19:08:00.007-03:002022-11-19T14:26:14.620-03:00estão livres minhas mãos<div style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit;">estão livres minhas mãos para dizer</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit;">- mais que isso:<br />meu silêncio está livre para não ser</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit;">nas mãos que escrevem</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit;">o que a boca não diz</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit;">negar todas as partes que possuo<br />é a liberdade que fere<br />e alivia meu dia a dia<br />assumir o risco de não ser quem preciso<br />e ser capaz de ser apenas quem sou<br />ou ser apenas o que eu quero<br />incluindo não ser <br />é o que me torna eu<br />nas minhas palavras encontro<br />todas as minhas saídas<br />e só quando saio de mim<br />percebo o tamanho que tenho</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit;">- Débora Paixão</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><i>@debpaixao</i></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><i>@tudoqueficanoar</i></span></div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-9618666183089142952021-04-27T15:06:00.000-03:002021-04-27T15:06:02.771-03:00você<div>era preciso uma palavra</div><div>para começar este poema</div><div>poderia ser qualquer outra</div><div>mas não</div><div>tive de escolher você</div><div>aqui no meio também</div><div>este poema te viu</div><div>passar por cima de mim, </div><div>me anulando ou</div><div>me revestindo</div><div>pouco importa</div><div>no fim,</div><div>tudo que acaba comigo</div><div>também tem a ver com</div><div>você</div><div><br /></div><div style="text-align: right;"><i>Débora Paixão</i></div><div><br /></div><div><br /></div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-27425963921155031842021-04-13T21:33:00.005-03:002021-04-13T21:33:48.815-03:00meu medo é não e simmeu medo não é ficar presa por mais um ano em casa<div>comigo e com os móveis no mesmo lugar</div><div>meu medo é sair de casa e constatar</div><div>que o mundo está como está</div><div>meu medo maior é ficar presa à esta história</div><div>que compartilho com pessoas que parecem viver</div><div>numa realidade que não contempla sequer as minhas dores</div><div>quem dirá as do mundo</div><div>então, encaro um medo que sempre tive</div><div>mas que ao olhar a vida ficou tão pequeno que pensei não existir</div><div>e </div><div>salto </div><div>no</div><div>abismo</div><div>infinito</div><div>de</div><div>quem</div><div>sou</div><div>sentindo o desespero de não encontrar uma mão para dar a minha</div><div>ou de encontrar mais um olhar que não me vê</div><div>planar sobre a agonia de um passeio sem fim</div><div>e cair</div><div>calma!</div><div><b>(lembrar também de respirar enquanto caio em mim)</b></div><div>meu medo não é alcançar o chão</div><div>meu medo é cair no chão desde mundo</div><div><div>e depois de tudo</div><div>da queda</div><div>da quebra da casca</div><div>da armadura</div><div>da estrutura óssea</div><div>eu ainda ser sustentada pela mesma matéria</div><div>indissolúvel, indestrutível</div></div><div>que não me deixa ser indiferente ao mundo</div><div>e novamente sentir</div><div>medo</div><div>ao ver que este mundo ainda é o mesmo</div><div><br /></div><div>- Débora Paixão</div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-55024269664720493562021-03-23T20:24:00.001-03:002021-03-23T20:24:50.345-03:00cismo<div style="text-align: left;">Somos a beira do abismo<br />Algo entre a verdade<br />e o cinismo</div><div style="text-align: left;"><br />Viver é estar</div><div style="text-align: left;">a um passo do chão<br />ou em pura contemplação</div><div style="text-align: left;">do achismo</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">- Débora Paixão</div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-59941100969557550482021-03-21T13:29:00.006-03:002021-03-22T14:22:23.317-03:00A estranha que se mudou para minha casa<div style="text-align: left; text-indent: 35.4pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #444444; font-family: inherit;">A</span></span><span style="text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #444444; font-family: inherit;">conteceu há aproximadamente 3 meses. Não sei
dizer ao certo como aconteceu, mas de repente era isso. Eu sozinha em casa com
uma estranha. E esta estranha me olhava todos os dias como a questionar-me: “o
que faz aqui?”. Esta estranha que entrou em minha casa sem sequer ser
convidada. Uma estranha cujo tamanho cabe minhas roupas. Uma estranha cuja voz
me arrepiava. Não era uma estranha qualquer, como as pessoas estranhas que
encontramos todos os dias na rua. </span></span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">Era uma estranha com mais carne que o comum, com
mais presença que a própria matéria do corpo, com mais dentes do que cabem numa
boca, com mais sombra que os móveis da minha casa. Essa estranha me olhava
todos os dias, de propósito, de dentro, só para me deixar sem jeito e sem
lugar. </span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">Ela se sentava no sofá junto comigo, se servia
da minha comida e ainda era capaz de reclamar. Torcia o bico, revirava os olhos
e exprimia qualquer gemido baixo o bastante para que eu não pudesse identificar
e alto o suficiente para me fazer pensar em arremessar qualquer objeto em sua direção.
Um copo, uma tampa de panela, uma colher de pau. O micro-ondas. </span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">A cada dia que
passava eu me sentia mais sufocada. Ela parecia crescer dentro de casa e sua
presença já não ocupava somente o sofá ou a cadeira ao lado. Seu corpo de mais carne
que o comum, mais presença que a matéria do próprio corpo era capaz de ocupar a
sala inteira. Era como se a sala se tornasse o corpo da estranha e era capaz de
consumir todo meu oxigênio. Cheguei ao ponto de andar esgueirando-me em meu
próprio apartamento para não ter de encostá-la, para não encontrá-la, mas por
onde eu fosse, lá estava ela. </span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">Era preciso que eu fizesse algo a
respeito.</span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;"> </span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">Entretanto, sempre que me
levantava decidida a enfrentá-la, era tomada por pensamentos paralisantes e, imóvel, eu podia ouvir tais pensamentos tão dentro do ouvido quanto o absurdo
que me locava: “Ela irá te engolir com sua boca cheia de dentes”. E todas as
noites, enquanto me deitava ao seu lado, porque ela era incapaz de se retirar,
eu me cobrava internamente: p</span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">or que não consigo dirigir-lhe a palavra?
Por que é que eu permito que me olhe todos os dias? Por dentro? Ela parecia buscar em mim algum resquício. Era como se ela precisasse de confirmação. Eu fechava meus olhos com força como a pedir que a escuridão de dentro apagasse tudo de vez e</span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;"> então eu adormecia. Até que ela passou a me encontrar em
sonhos. Sua imagem estava colando-se em mim. E eu já não podia mais me livrar
dessa estranha. </span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">Ela me vestia como uma fantasia e meu eu perdido em sua carne
gritava por socorro, mas ninguém ouvia.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">Ninguém!</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">Acordei desesperada e corri para olhar-me
no espelho. E para o meu espanto, lá estava ela. Esfreguei meu rosto com sabão,
enxaguei e lavei e enxaguei de novo. Três vezes. E ela ainda estava lá.
Roubando-me de mim. Ela vestiu meu corpo com sua pele e meu sorriso com sua
dentadura cheia de dentes. Me forçava a querer sorrir para o espelho enquanto
dentro, o meu eu, gritava a pedir ajuda sem sequer poder chorar. Não havia
lágrimas neste novo corpo. Um corpo cuja existência não pode ser confirmada
pelo olhar do outro. Um corpo que não teve a chance de pertencer a algum lugar
senão outro corpo dentro de uma mesma casa de onde não se saia por mais de 3
meses. </span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">Parada frente ao espelho vi aquela arcada dentária sorrir um sorriso que
eu não queria numa boca que estava em mim, mas não era minha. Meus olhos
estavam ocos de brilho, de presença e vida. Eram olhos estranhos que não viam
outros olhos além dos meus no espelho. Sua imagem me aterrorizava como uma
fratura exposta. Era minha existência fraturada, cindida em duas partes. Dentro e fora ali, ocupando o mesmo lugar. Ambos
sem vida. Tentei lavar meu rosto pela décima quinta vez, mas a cada esfregada, eu
me encontrava mais vazia. Era preciso que eu aceitasse que me fora ordenada
esta nova condição: que ela agora era eu. Ou que agora eu era esta pessoa que nunca
pertenceu a lugar algum, nem ao mundo nem ao próprio corpo. Vazia de sentido e
carente de lugar. Eu não posso ser esta imagem descolada, dissociada da minha
história, das minhas dores e alegrias. Dores, quando foi a última vez que algo doeu? Alegria, não sei se lembro... </span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">A
imagem do espelho me assumia e me assustava como o vento entre as frestas da
janela em dias de tempestade. A imagem que vejo me arrepia, me dá náuseas.
Habita meu rosto e domina minha voz. E era ao mesmo tempo apenas o reflexo de
uma casca oca. Não me reconheço em mim, na minha forma física de sempre e não
mudei fisicamente. Peso o mesmo peso, uso a mesma boca, tenho a mesma cara, a
mesma pele, entretanto não sou eu. Como, frente a isso, poderei saber que ainda
existo? Como viver a agonia de não saber se será possível resgatar a vida que um dia morou aqui, com rosto e voz e tudo? Hoje uma estranha me assola, me coloca
frente ao espelho, mexe a minha boca como se falasse, mas seu ritmo tem um
atraso incompreensível! As palavras que me saem da boca, mexem na boca estranha. E eu? </span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">Já não sei se sou nem se posso. O que sei é que já não sinto. Antes de sentir é
preciso ser e ser estranha a mim é não ser mais humana, é ser qualquer outra
coisa, </span><span style="color: #444444; font-family: inherit; text-indent: 35.4pt;">é muito mais coisa que ser. Se sou coisa, precisaria mudar o verbo, pois coisa não é capaz de ser. Coisa não é. É Isto! Resolvido o enigma da estranha que me aflige: não sou! Então, Isto não poderia ser nem sentir nem querer. Mas, de algum modo
estranhamente absurdo, ainda sinto que quero algo. O que me torna ainda mais
indefinível, incompreensível. Talvez não seja querer, talvez
precisar... Já não há mais por onde perder-me nem por onde me encontrar. No entanto, há em mim algo que resiste, incólume, à espera da reintegração, do pertencimento completo,
do encontro; e este algo, esta parte, recusa a casca oca e a dentadura, evita o
espelho. Até que se descubra corpo ou apenas reflexo para poder dizer então, que enfim... é.<br /></span><span style="text-indent: 35.4pt;"> <br /></span><span style="text-indent: 35.4pt;">Débora Paixão</span></div></div><p style="text-align: left;">
<br /></p>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-695572377458001872021-02-28T23:03:00.003-03:002021-02-28T23:03:37.129-03:00Sob a luz do olhar de LurdesPassou a ver a vida de olhos fechados<br />
pois assim podia ver colorido<div>As cores que foram desbotando dos olhos<br />
tornaram o viver escuro<br />
e dolorido<br />
<br />Pedia a Deus, todos os dias<br />
que o brilho e os tons voltassem<br />Não quis dizer adeus às luzes<br />
e, rebelde, abria os olhos a esperar<br />
que brilhassem<br />
<br /><div>Não mais via cor<br />Tampouco encontrava alegria</div><div>esta estava guardada</div><div>na imagem das coisas</div><div>todas - que ela já conhecia</div>
<br />
(Débora Paixão)</div><div><br /></div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-162943539806521752021-02-26T14:40:00.009-03:002021-05-15T02:18:58.785-03:00se desse, descia<div style="text-align: left;">Se desse a palavra seria lida<br />falada, linda, farta, folheada, finda<br />A palavra lavra a terra da língua<br />A língua sibila as sílabas da fala<br />A fala não diz nada e nada abala<br />A bala encosta na língua que saliva<br />Da língua se sente o gosto da coisa viva<br />O dente macera a palavra dura<br />Qualquer coisa que seja palavra<br />Nunca fica madura<br />A língua é só uma passagem da fala<br />Nada mora, tudo molha, quase esfola:<br />A linguagem.<br />Palavra presa na garganta não se adianta<br />e não se move<br />Mais serve à ferida que cresce<br />Do que ao sentido que morre<br />Serve ainda mais ao muco que escorre<br />Palavra perdida na língua apodrece<br />A língua partida corta a palavra ao meio<br />Mas não a esquece<br />Bebe água em minimalista prece:<br />Palavra, ou sai ou desce!</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">- Débora Paixão</div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-24924413689360737292021-02-20T00:37:00.004-03:002021-03-21T13:33:35.529-03:00O que vem antes do quê<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Dt-A6iF32bo/YC_ij39j-oI/AAAAAAAA8cA/uY60SNUnluMsrplbFZkuDboFhH78TgP6wCPcBGAYYCw/s1080/goldenfart.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-Dt-A6iF32bo/YC_ij39j-oI/AAAAAAAA8cA/uY60SNUnluMsrplbFZkuDboFhH78TgP6wCPcBGAYYCw/w400-h400/goldenfart.jpg" width="400" /></a></div><br /><p style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small; text-align: center;"><br /></span></p><div style="text-align: center;">imagem: <span face=""Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif" style="background-color: white; color: grey; white-space: nowrap;">@goldenfart in weheartit.com</span></div><p></p><div style="text-align: center;"><br /></div><div><br /></div><div>Vejo suas mãos enquanto fala<br />E fico a imaginar que me cabem exatamente.<br />Então esconda-as! ponha-as em qualquer lugar<br />Fora do meu alcance, por favor!<br />As palavras que diz já não tem som,<br />Muito menos sentido.<br />O que pensa enquanto fala?<br />Acaso acha que te entendo?<br />Tudo em mim borbulhando,<br />Efervescendo e você a falar ,</div><div>A falar até não poder mais...<br />Meu Deus! Aquieta os lábios<br />E os aproxime dos meus!<br />Deixe que as nossas línguas<br />Conversem sozinhas.<br />Elas têm idioma próprio<br />(Mas usam outros sotaques)<br />Veja, já nem estou mais a falar das mãos.<br />Entende o que me acomete?<br />Quando você fala comigo</div><div>Ou apenas fala<br />Eu te compreendo muito além<br />Do que poderia explicar<br />Qualquer palavra.</div><div><br /></div><div>Débora Paixão.</div><div><br /></div><div><span style="color: white;">P</span></div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-35714160627281600012020-11-30T11:31:00.003-03:002020-12-04T01:17:22.231-03:00AVISO<p>Chamaram-me poetisa.</p><p>Não procurei saber quem,</p><p>Tampouco de onde veio</p><p>A mania de por gênero</p><p>Em matéria de espírito.</p><p>SOU POETA!</p><p>Exclamo porque acredito.</p><p><br /></p><p>(Débora Paixão)</p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-23108982577337452572020-11-24T11:42:00.005-03:002021-04-27T15:19:27.867-03:00passarinho que sabe<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-jQL0QJ-IdgM/YIhVNGxSocI/AAAAAAAA_8w/BUqvUx2wLm0m36kX8YJzz8vmVy2KtkrogCLcBGAsYHQ/s778/edbeadc0602c5a19ca40a47396332aae.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="778" data-original-width="736" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-jQL0QJ-IdgM/YIhVNGxSocI/AAAAAAAA_8w/BUqvUx2wLm0m36kX8YJzz8vmVy2KtkrogCLcBGAsYHQ/s320/edbeadc0602c5a19ca40a47396332aae.jpg" /></a></div><br /><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: xx-small;">(imagem: pinterest.com/nanafernandes58)</span></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">se você me disser que vale a pena<br />então eu já nem escuto mais nada<br />sequer os passarinhos<br />por isso não me diga</div><div style="text-align: left;"><br />palavras se perdem no tempo<br />e no vazio do espaço<br />passarinho é que sabe para onde voa<br />e porque canta</div><p style="text-align: left;"><br /></p><p>(Débora Paixão)</p><p><br /></p>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-10835032982232692332020-09-09T17:26:00.000-03:002020-09-09T17:26:44.394-03:00arainda ontem uma lagarta <div>na ocasião de virar crisálida</div><div>me fez chorar</div><div>às vezes como ontem</div><div>penso em como tudo me emociona</div><div>o triste</div><div>o trivial</div><div>os detalhes...</div><div><br /></div><div>as coisas aparentemente impenetráveis</div><div>me emocionam pela insistente resistência</div><div>de suas couraças</div><div><br /></div><div>penso em tudo quanto é coisa </div><div>que me emociona transbordando os olhos</div><div>e deixando a alma no aspecto sedoso</div><div>das pétalas...</div><div><br /></div><div>um ninho</div><div>um desafino</div><div>um raio de sol que escapa no dia em o céu está encapado de nuvens</div><div><br /></div><div>sinto-me por vezes</div><div>como um traço que saiu errado</div><div>porque a ideia quis que ele fosse lá</div><div>e o traço - sendo ele dono de si mesmo -</div><div>veio cá</div><div><br /></div><div>por outras todas vezes</div><div>não me reconheço neste mundo</div><div>é como se tudo estivesse tanto</div><div>e eu sem fazer questão.</div><div>o sentido é coisa relativa</div><div>ora vem seguido de lógica</div><div>ora puramente coração.</div><div><br /></div><div>eu sinto - através dos poros -</div><div>as asperezas das palavras e</div><div>o peso quase plumático do silêncio,</div><div>como estrelas que dormem</div><div>e mantém o brilho aceso.</div><div><br /></div><div>voar pelos meus olhos</div><div>é desprender tudo que já esteve</div><div>já deu</div><div>passou</div><div>foi-se o tempo de ser em algo</div><div><br /></div><div>estar em voo </div><div>é estar em tempo de ser por si mesmo</div><div>a qualquer instante</div><div>pelo tempo que baste</div><div><br /></div><div>não ver as coisas desta forma</div><div>é para mim ter na alma certa gravidade</div><div>que a deixa encostada no chão</div><div><br /></div><div>eu por mim</div><div>fico com o ar</div><div><br /></div><div>e com as asas</div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div>- Deboar Paixão</div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-71753666682150016072020-08-21T23:53:00.007-03:002021-04-27T15:12:51.878-03:00tenho costume de botar bastante reparo nas coisas...<p><span style="background-color: #ffd582;"><i><span face="">T</span><span face="roboto, noto, sans-serif" style="color: #030303; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">enho costume de botar bastante reparo nas coisas de fora, mas quando reparo nas reparâncias do outro, sinto que alguém me viu de dentro. </span></i></span></p><div style="text-align: left;"><span face="roboto, noto, sans-serif" style="background-color: white; color: #030303; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">(Débora Paixão)</span></div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-43106675487919470952020-08-20T13:00:00.001-03:002020-08-20T13:00:31.404-03:00como o ar<div style="text-align: left;">não ouço as vozes de nada<br />nem de ninguém<br />mas sinto<br />porque preciso e sei apenas sentir<br />sinto as vozes como se as visse<br />não com os olhos<br />mas com todo o resto<br />a poesia tem voltado a mim<br />não porque eu quisesse<br />embora sim e muito<br />mas porque eu precisava<br />e eu </div><div style="text-align: left;">a encontro não quando quero<br />encontro</div><div style="text-align: left;">e vejo</div><div style="text-align: left;">e ouço</div><div style="text-align: left;">e sinto<br />tão apenas quando preciso</div><div style="text-align: left;"><br />...<br /><br /></div><div style="text-align: left;">(Débora Paixão)</div>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-19758816290043846522020-07-14T10:58:00.002-03:002020-07-14T10:58:50.438-03:00Domingo<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Domingo</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Não importa qual</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">A comida é sempre a mesma</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Todos na sala comendo</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Até que alguém se lembra de algum causo engraçado</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">E todos riem</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">De repente alguém faz um comentário distraído</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">E inevitavelmente, a casa fica cheia de saudade...</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Quando todos vão embora</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Vão mais completos do que chegaram</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Ainda que sintam ter deixado alguma coisa para trás...</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Quando se encontra a família</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Não se encontram apenas pessoas</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Se encontram lembranças</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">O cheiro da casa</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">O jeito de quem já foi em alguém que ficou</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">As roupas passadas de geração em geração</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">A cada encontro vão se criando novas memórias</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">E se encontrando novas pessoas</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Porque família nunca para de crescer</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Se une, reforma</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Muda de aparência</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Mas nunca deixa de ser o que é</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Um eterno lugar de encontro</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Entre pessoas e memórias</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Que não nos deixam esquecer quem somos</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">Nem como chegamos até aqui</span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">por Débora Paixão</span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-5oe0Nl1juL4/Xw25XJQxU2I/AAAAAAAAyho/DLVYWF6Jf30p5loywiF2P9gJFmP7QlC-gCLcBGAsYHQ/s1600/WhatsApp%2BImage%2B2020-06-11%2Bat%2B12.25.57.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1280" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-5oe0Nl1juL4/Xw25XJQxU2I/AAAAAAAAyho/DLVYWF6Jf30p5loywiF2P9gJFmP7QlC-gCLcBGAsYHQ/s400/WhatsApp%2BImage%2B2020-06-11%2Bat%2B12.25.57.jpeg" width="400" /></a></div>
Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-57520363508323013832020-05-28T16:12:00.000-03:002020-07-14T11:02:18.481-03:00Em ponto<br />
Quando usei o primeiro ponto ele indicava o final quê?<br />
Que fim levaria a fase se o ponto trouxesse também a vírgula?<br />
E quando usei dois, que disse?<br />
Se usei três deles, esperava o quê?<br />
Que me dissessem em outras linhas... travessão?<br />
Quantas margens atravessei?<br />
<div>
Exclamei a beleza! Adverti o perigo!</div>
<div>
Interrogam-me, enquanto a vida questionei<br />
Quantas vezes estive entre vírgulas?<br />
Aposto que mais estive entre aspas e não notei<br />
Quantas vezes me pontuaram e quantas outras pontuei?<br />
Quando foi que minha vida se mediu por métricas?<br />
Seria minha vida uma história em soneto?<br />
Seriam ricas minhas rimas?<br />
Que sei?<br />
Nem sei em que tempo escrevo agora<br />
Se é pretérito desfeito<br />
Se era presente do desatino<br />
Olhando pra frente me vejo<br />
Querendo saber mais como do que porquê<br />
Passei do ponto<br />
Olhei os sinais<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Vem outro parágrafo<br />
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div style="text-align: right;">
<i>por Débora Paixão</i></div>
</div>
Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-82021955703488444122020-05-10T15:02:00.004-03:002020-05-10T15:04:22.923-03:00Maneira de Pão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-VK4Eeqrs4Bk/Xrg-5aXRWxI/AAAAAAAAsv4/JREK8gNAvo8KnFRxgiYv3tJtl7rqrWMcwCLcBGAsYHQ/s1600/p%25C3%25A3ozin.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1201" data-original-width="1600" height="300" src="https://1.bp.blogspot.com/-VK4Eeqrs4Bk/Xrg-5aXRWxI/AAAAAAAAsv4/JREK8gNAvo8KnFRxgiYv3tJtl7rqrWMcwCLcBGAsYHQ/s400/p%25C3%25A3ozin.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqui em casa, todos os dias a gente come pão. De todos os tipos. Mas o francês é, sem dúvidas, o preferido. Ontem, minha mãe e eu nos aventuramos a fazer pão. Mais especificamente o pão francês. Eu, que nunca tive muita habilidade com massas, participei como mera espectadora. Queria aprender a habilidade de mexer na massa através dos olhos. Tive medo de desandar. Minha mãe não tem esse medo, minha vó também não tinha. Acho que para ser mãe talvez não se possa ter medo. Vai ver que ao se tornarem mães elas adquirem também a habilidade de disfarçá-los. Olhava para minha mãe e suas mãos incorporavam os ingredientes uns aos outros com a mesma certeza de quem sabe quem sabe que é melhor levar uma blusa porque vai esfriar. Quando olhava as mãos de minha mãe, via as mãos de minha avó. Ela disse: "vai menina, bota essa farinha sem medo". Pude ouvir minha vó em sua fala. Talvez a gente incorpore à nossa matéria os ingredientes de nossas mães. Talvez seja pelas suas mãos que a gente tome forma, desde cedo, no cuidado, no embalo, nas trocas. Enquanto mãe, mãos e massa descasavam, fiquei pensando nessa maneira de ser pão. Nesse exercício de paciência de deixar a massa crescer. É necessária a espera. É necessário o descanso. Embora uma parte não descanse nunca. Talvez mãe seja mais como o fermento que continua seu trabalho enquanto tudo descansa. Quando já tava bom de descansar as massas já boleadas, com a ajuda de um rolo de madeira se esticaram para poderem, mais tarde se enrolar e virar esse trenzinho lindo que é um pão francês, mas antes de assar: o corte. A faca precisa estar bem afiada, o corte precisa ser preciso. Como um bisturi. Dali, do corte, nasce o aspecto de pãozinho. O pão precisa do corte, tanto quanto eu precisei. Um corte preciso de bisturi no ventre esticado da minha mãe. Então afiei bem a faca para cortar a massa. Que alegria foi ver a massa se rasgar e tomar o aspecto de pão instantaneamente! Era um nascimento! Os olhares, meu e da minha mãe, eram de duas crianças que espiavam uma cena daquelas que dão vontade de bater palma e dar gritinhos de euforia. A gente precisava disso e o pão precisava do corte para poder criar aquela casquinha, característica típica de pão francês. Mães também precisam dessa casca. Talvez seja essa a casca que esconda o medo que a gente, de fora, não vê. O pão dentro do forno e a casa cheia do pão. O cheiro de pão, assim como o de café, é pura poesia. Já é uma explicação em si mesmo. O pão assou e não ficou do jeito que a gente queria. Esse é o problema de se criar expectativa. Mas por mais que tenhamos errado no tamanho, ou na quantidade de farinha, fez-se pão, de todo jeito. Tinha cheiro, tinha jeito e gosto de pão. Talvez eu não tenha crescido exatamente como minha mãe queria, mas cresci e fiz de mim o que sou. Pelas mãos e os ingredientes que minha mãe incorporou em mim. Depois dessa experiência, tenho certeza que comer pão nunca mais será a mesma coisa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
por Débora Paixão,<br />
<i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-size: x-small;">dedicado a minha mãe Maria Luiza </span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-size: x-small;">e todas as outras mães que nos trouxeram até aqui.</span></i></div>
Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-56314067238476873602020-03-31T14:02:00.003-03:002020-05-28T16:15:06.118-03:00Olhar apassarinhado<i>(ao Manoel de Barros, quando finalmente virou passarinho)</i><br />
<br />
<div style="text-align: right;">
No dia em que ele se foi daqui</div>
<div style="text-align: right;">
Um passarinho me atravessou o olho por dentro</div>
<div style="text-align: right;">
Eu fiquei vendo tudo apassarinhado</div>
<div style="text-align: right;">
No oco do meu olho de dentro</div>
<div style="text-align: right;">
O mundo de fora espiava o vento</div>
<div style="text-align: right;">
De dentro da minha cabeça</div>
<div style="text-align: right;">
Minhocas e borboletas valsavam pensando se era chegada a hora de voar rastejante pelas raízes do meu tronco</div>
<br />
<div style="text-align: right;">
(Débora Paixão, <i>de dentro do oco da minha árvore</i>)</div>
<br />
<br />Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-13129260374342067362020-02-22T00:15:00.001-03:002020-02-22T00:15:26.957-03:00Dias assim<div style="text-align: justify;">
Em dias como esse meu coração fica alternando entre o que eu queria que não fosse e que não fosse o que eu queria Eu sei bem o que quero É que dias como hoje em que olho para os lados e vejo tanto vazio nenhum vazio parece maior que o de dentro Tem um vazio tão grande nos outros que chega a ecoar com o meu Somos tão completamente vazios que não sobra espaço para sermos outra coisa E eu penso em como seria se fôssemos todos feitos de alguma matéria bonita como nada que fora criado ou tenha existido até hoje E aí me lembro que há vazio demais para eu poder pensar sobre algo que não existe Fôssemos feitos dessa matéria seria estranho pois nada entenderíamos de sua beleza ou necessidades e acabaríamos deixando-a morrer às mínguas Não seria justo com o amanhã nem com o hoje que fôssemos mais do que somos Eu quero que a vida se estenda bonita de um jeito de pensar por si própria porque daqui de dentro a vida não tem porquê nem por onde A vida só tem existido mas ainda não é E a vida precisa ser.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
(Débora Paixão)Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-83115534924767516082019-10-31T23:52:00.000-03:002020-05-28T15:49:44.899-03:0031 de Outubro<span style="text-align: justify;">A ÁGUA da chuva, do mar, do rio, dos lagos e também os peixes, o frio e todos os seres das águas. O seu poder de purificar, sua habilidade indomável de tomar a forma do lugar onde se encontra e sua capacidade encantadora de esparramar-se.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
A TERRA, a areia, a grama, as pedras, as raízes, as flores, as árvores, todo alimento ofertado e também toda a fauna terrestre. Seu poder de curar e nutrir, sua habilidade indomável de doar tudo que tem para fazer transformar o que lhe toca. E sua capacidade encantadora de se fazer brotar, nascer.</div>
<div style="text-align: justify;">
O FOGO, o sol, o calor, a luz, os raios, mas também os astros. Seu poder iluminar e aquecer, sua habilidade indomável de modificar completamente o estado das coisas que cruzam o seu caminho. E sua capacidade inesgotável de se multiplicar da menor faísca à maior chama.</div>
<div style="text-align: justify;">
O AR, o vento, o sopro, os aromas, a respiração, mas também o céu e a sombra. Seu poder de transportar, sua habilidade indomável de expandir qualquer coisa que tente contê-lo. E sua capacidade encantadora de fazer desprender e não conter-se.</div>
<div style="text-align: justify;">
À toda natureza eu contemplo e agradeço. Entendo que aqui nada me pertence. Porém, a tudo, pertenço eu.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
(Débora Paixão)</div>
Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-29690449589955976302019-09-30T23:07:00.001-03:002021-02-17T18:19:46.381-03:00A pureza crua de Carina<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-FTTjqDq5_LM/XZKphtNkYuI/AAAAAAAAgSY/kQw7SWhDG8kEy--97D2T2_pvx6gUYNhnQCLcBGAsYHQ/s1600/20190927_215320-01.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-FTTjqDq5_LM/XZKphtNkYuI/AAAAAAAAgSY/kQw7SWhDG8kEy--97D2T2_pvx6gUYNhnQCLcBGAsYHQ/s400/20190927_215320-01.jpeg" width="300" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span face="calibri, sans-serif"><br /></span></div>
<span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;">
<span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: justify;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: justify;"><div>
<br /></div>
<div> <span> </span><span style="text-indent: 35.4pt;">Desta vez quando a vi, embora a
tivesse visto já de tantas formas quanto a intimidade de uma amizade que
transpassa duas décadas é capaz de mostrar, foi como se a olhasse outra.</span></div></span><p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">Ela não tinha mais aquela
roupagem pesada como quem serve de cabideiro para segurar provisoriamente
roupas que já não servem mais aos donos e - por este motivo - acabavam
abandonadas. Não que ela tenha mudado, ou se transformado, mas era como se
tivesse enfim rompido certa casca, um invólucro que paradoxalmente não lhe
protegia do mundo (tal como as larvas) protegia-lhe, sobretudo dos perigos de
sua própria insegurança. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">De casca rompida, estava tão pura
- que de longe mesmo quem não a conhecesse notaria novidade pelo viço de sua
nova pele. Essa camada externa reveladora de marcas que as pessoas diariamente
se põem a tentar - em vão - esconder. Pronto! Cheguei ao ponto crucial da
história que queria contar aqui. Apresentei-lhes ela: Carina. Com C. E com
licença poética, já lhes explico antes que venham os questionamentos pela nova
grafia de seu nome, simplesmente porque - embora eu saiba que pagarei alto
preço de escolher ousar na grafia do nome de uma pessoa cujo sol brilha em
virgem - enfim, esta forma me parece mais pura.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">Quero antes de prosseguir,
explicar também que esta pureza não se aplica ao sentido pueril, angelical,
casto de vestido branco entrando enganada na igreja, mas a pureza do estado
natural mais puro do ser que alcança a si, instintivo, animal e selvagem que já
não se pode negar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">Carina estava para esta pureza
tanto quanto o mar está para água, ou para plástico. Estava tão para fora
quanto era dentro. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Vibrava em seus olhos, a calma de quem sabe que a fruta leva
seu tempo para amadurecer. E não sendo possível alcançá-la nem com braços nem
com vara, espera que ela se desprenda por si própria. O olhar conclusivo de
quem por fim entende que a vida é isso. Às vezes mais, às vezes menos, mas
geralmente a exata dose disso.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">No entanto, ela parecia não saber
da sabedoria que lhe exalavam os poros e pode ser que seja fruto da magia
intrauterina que lhe acomete. O útero essa caixa mágica cuja vida brota
ramificada de novos seres. Nunca é só uma vida brotando ali.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">Agora sim! Quero falar sobre o
encontro entre ela e eu. Duas amigas que já de tantos encontros tiveram este:
mais um. Embora sempre, os mesmos nunca. Embora nunca os outros sempre.
Tínhamos a ideia de estar, apenas. Permanecer e sermos. E fomos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">Eu não tenho essa sabedoria que
Carina carrega agora, para todas as coisas, mas tinha para algumas. Eu tinha
essa sabedoria para ela e isso foi proporcionalmente novo e corriqueiro. Eu já
conhecia tudo isso, mas não tinha visto assim, exposto dessa forma. Não tinha
visto Karina saber ver isto como eu via. E vi.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">Não parecia cansada, embora o
ventre crescido pesasse para frente e pudesse lhe doer as costas. Levanto a
hipótese de que talvez agora este peso extra viesse equilibrar o peso dos
ombros. As roupas, bem como a vida, nunca pareceram tão justas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">Meus olhos de reparar sutilezas,
notaram com suavidade, essa amiga que a vida me trouxe e que de um jeito torto
- mas que ela entende - eu amo e acredito saber cuidar. Meus olhos de reparar
sutilezas estavam ali fitando Carina enquanto falava, como quem pára para
apreciar uma flor e de repente, tem a sorte de presenciar o breve e mágico
instante, do desprender de uma pétala. Foi assim que eu vi a pureza de Carina
enquanto tomava um sorvete na praça de alimentação do shopping. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">Olhando à nossa volta, tínhamos
um bom cenário, alguns figurantes que cumpriam rigorosamente seus papéis. E
nenhum deles poderia sequer imaginar a trama que o destino teceria para nos
trazer até aqui. Na verdade, nem a gente
poderia. O fato é que ele trouxe e eu parei para reparar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p></div></span><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><span face=""calibri" , sans-serif">Débora Paixão </span></div>
</div>
<span face=""calibri" , sans-serif">
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span face=""calibri" , sans-serif"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""calibri" , sans-serif"></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span face=""calibri" , sans-serif"><i>à Karina, minha grande - e agora maior ainda - amiga.</i></span></div>
</div>
<span face=""calibri" , sans-serif">
</span>Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-55729186518828665812019-06-22T23:02:00.000-03:002019-06-22T23:02:00.782-03:00Eu tenho em mim um amor dos grandesEu tenho em mim um amor dos grandes<br />
Mas é mal compreendido<br />
Nem por isso ele murcha<br />
Nem por isso o amor desanda<br />
Meu amor é grande e imenso<br />
E ele marcha pelas ruas<br />
Não fica guardado a sete chaves<br />
Ele é assim, meio arreganhado<br />
Qualquer um pode ver<br />
Muito embora poucos o entendam, coitado!<br />
Mas por ser grande assim nem liga<br />
Elogia desconhecido<br />
Abraça sem intimidade nas vezes em que não se cabe<br />
Ri aparentemente sozinho porque ele sabe<br />
Que as coisas belas (mesmo as tristes)<br />
Guardam sempre outro sorriso<br />
Uns pra já, outros pra depois<br />
Na verdade ele é grande porque foi se acumulando de outros<br />
E segue se reconhecendo<br />
O meu amor é tão grande que é pra sempre<br />
Quando doeu, curou<br />
Quando chorou, libertou<br />
O meu amor é tão grande que o único jeito de ele ser é livre<br />
E ele é de uma liberdade tão grande e de uma grandeza tão libertadora<br />
Que já não pode ser meu<br />
Nem seu<br />
Só lhe cabe ser de si mesmo.<br />
<br />
(Débora Paixão)<br />
<br />Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-35108295578233393772019-05-09T18:54:00.001-03:002019-06-22T23:35:10.694-03:00velas"castiçais, caravelas<br />
o fim ou o começo<br />
com o vento se paga<br />
<br />
o mesmo vento<br />
que uma vela ajuda,<br />
outra vela apaga"<br />
<br />
- Débora Paixão<br />
<br />
<br />
<br />Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4478855357608580518.post-9231168625319328822018-05-06T20:28:00.001-03:002018-05-06T20:28:33.197-03:00nada nadanada do que escrevo é meu<br />
nem seu nem de ninguém<br />
pode ser que nada do que escrevo<br />
seja<br />
e, por mim, tudo bem...<br />
<br />
(Débora Paixão)Paixãohttp://www.blogger.com/profile/13543253480712085225noreply@blogger.com6