domingo, 27 de julho de 2014

Quando

Quando a última folha cair
E o mundo parecer desabar
Quando uma lágrima queimar seu rosto
Quando a barriga doer de tanto rir
Quando acabar a água, a luz ou gás
E quando nascer o sol ou brotar a flor
Quando espetar o espinho
Quando a chuva cair
E inundar a cidade
Quando romper o império
E morrer o último papa
Quando descobrirem a cura pra AIDS
Ou para saudade
Quando os anjos descerem
E disserem amém
Quando o bebê nascer gargalhando
Quando o dente de leão assoprado pela criança sair voando sobre o pasto
E os cavalos marcharem um tango argentino
Quando todos os absurdos
E principalmente os possíveis
Acontecerem, cada um, em seu tempo
É a sua mão que quero segurar
E se soltar sua mão de repente
Ainda assim, sentirei o calor do seu sangue
Como quem acredita ser eterno enquanto dure
E ainda que vá embora
Ou que nada disso aconteça
Minha mão estará sempre na sua
E também a minha vida
Como sempre esteve.

Débora Paixão