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Podemos pensar em inúmeras razões
para nos encantar tanto com as crianças, mas acho que o que mais encanta é que
elas guardam em si coisas que perdemos. Com isso, a gente tende a querer
impedir que elas percam. Noutros momentos, porém queremos que sejam como nós.
Que entendam como nós. Que falem como nós. Que pensem como nós.
Mas por incrível que pareça elas
podem mais que nós. Elas podem muito. São superpoderosas. E sabem por quê?
Porque elas conseguem se expressar com toda energia que nós, grandes, temos que
conter por inúmeros motivos. Elas se expressam com todo o corpo, com os olhos,
com o choro, com a voz, não exatamente com as palavras e por isso se expressam
mais. Nós tendemos a ficar, por diversas vezes, inexpressivos. As crianças não
tem limite, e querem saber do que mais: nós temos inveja. Sim, temos. Mas, não
nos sintamos culpados, tivemos de nos conter, de aprender a falar para diminuir
a ansiedade dos adultos em não saber o que se passa conosco senão através da
fala. Calma, também não podemos culpá-los, pois eles sofreram tanto como nós.
Isso vem de longe. Mas isso o que? Esse sofrimento.
Então quer dizer que criança
sofre? Sofre sim e como. Preocupam-se e muito. “Será que meu pai vai mesmo
voltar?”, “Onde que é ali?”, o “já vai passar” aparece sempre nos momentos que
mais custam a passar. Criança sofre e sofre tanto que depois que crescem não
podem suportar estes sofrimentos e então esquecem. Mesmo assim conseguem ser
doces. Entendem agora onde está esse poder? Está em com um sorriso, conseguirem
nos desmontar, frente as nossas durezas e armaduras e ao mesmo tempo nos
reconstruir com o impulso suficientemente forte para aguentar mais um dia de
dureza, de stress, de cansaço.
Elas são superpoderosas, mas nos
pedem que estejamos atentos, pois todo Superman tem sua Kriptonita, e a das
crianças é a nossa indiferença, nossa pressa, nossa falta de tato, de contato.
É o único pedido que fazem, elas podem tocar nosso coração com os pedidos mais
simples “Mas é só um pouquinho”, “Só desta vez”, ou com as falas mais simples
“Para você”, “To com medo!”, “Brinca comigo?”. Precisamos trocar estas
experiências com elas, para que possamos também tocar em vossos corações e
acolher o mundo que tentam abraçar com toda sua vontade, mas simplesmente não
aguentam sozinhas. Precisamos estar juntos, sempre! Fazendo-as acreditar no
poder que tem e no efeito que este poder nos causa, com o mesmo olhar, a mesma
simplicidade, o mesmo encanto.
Acreditem ou não, elas acham que
o poder está conosco, pois são pequenas e acham que o poder se estende com o
tamanho do corpo. De qualquer forma, o que esperam é ser encantadas por nós e nós,
mais do que ninguém, devemos isso a elas.
Débora Paixão