sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

estou tão pouco

Estou tão pouco
Que sou já menos
Da metade que era


Me resta saber
Das sobras, se voam
Noutras atmosferas

(Débora Paixão)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Soneto Desengasgado

De tanto querer que seja, a beleza
O prato mais caro posto à mesa
Enoja-me de pensar-te, mas penso
Tornando-me peso no ar suspenso.

Do peso que tem o pesar dos dias
Em dores, meus ombros fadigam
E vaga no espaço das teorias
Tais valores que me castigam

E a polpa que não te interessas
É o que restará quando secar a casca
Desta polpa que não lhe poupei

Não terás sequer uma lasca.
Dos assuntos inacabados, cansei
Deixarei-os jogados às traças.

(Débora Paixão)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Antes que eu me esqueça ...

Antes que eu me esqueça
Me desmereça
Mas seja amigo, sincero
Me obedeça
Ao fazer me espere
Me reconheça
Entenda, não desespere
Antes de aparecer
Se esqueça
Dos erros, mentiras
E cresça!
Só depois de esvaziar
Reapareça
Ao deparar com a pureza
Floresça!
Então beije dos pés
À cabeça
E fique até que amanheça
Para que o meu amor
Em ti, aconteça
E que seja eterna manhã
Para que ele não adormeça.

(Débora Paixão)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Amizade
















"Amizade é coisa egoísta,
Pois o outro está em nós
E o bem é o querer de sempre.
Pensar em si é pensá-lo
É fazê-lo sempre presente.

Sobra assunto, faltam palavras
A amizade preenche as lacunas
É estado constante, é presença
Resumo e observações
Amizade é permanência.

É tarde junto em silêncio
Sentados no chão e mais nada
Amizade é além da fala
Se compreende de boca fechada
Nos olhos de quem se cala."

(Débora Paixão)