Você já parou para pensar em quanto tempo a vida passa? Esqueça o relógio, calendário. Pergunto sobre o seu tempo. Saberia responder? E enquanto a vida passa o que acontece? Respondo: morre-se. Se mata. Mata o tempo. Tudo. Estamos morrendo, está é a verdade. Todos. A todo tempo. E o tempo não necessariamente existe. Tudo extremamente relativo beira o inexistente. E quantas coisas são? Relativas ...
E por saber que está morrendo agora, ainda mais que antes, pois antes passou e estava vivo, o que você faria diferente? O que você diria? Você não pode mudar o mundo. Como não? O mundo é seu, é você. Você é ele. Você o faz, ele te constrói. Você pode mudar o seu mundo quantas vezes quiser. É só falar diferente, ouvir de outra maneira, ver com outros olhos e pronto. Você tem um mundo novo e ainda seu. Comece a mudar e tudo acompanha. Ah, mas não me venha com auto-ajuda. Não! A vida não segue regras. Não se diz: seja assim! Se quiser não seja. Não ser talvez seja mais seu do que tentar ser o tempo todo. Cada um tem uma coisa própria, que por sua vez chama existência, que dela nasce algo tão próprio quanto ela mesma, chamada essência. O gosto mais puro é o que a gente tem que buscar.
Ei, não é por saber que está morrendo que precisa aceitar a tudo, pois ainda que saiba isso, não se sabe muito. Você sabe quando finda a vida? Poderia saber, mas não queira. Queira ir morrendo no tempo. Morrendo feliz, aos poucos. A gente sabe que a felicidade existe enquanto sente, mas não é por não sentir que ela passa a ser inexistente. A morte, ao invés de tentar entendê-la, que é o que mais se aproxima de saber, questione a vida. Seu sentido. Sua existência. Se encontrar algo, encontrará a si e se saberá ao menos. A tal essência. Mas não tome qualquer conhecimento que seja como absoluto, pois muda. Passa. Voa. Não desista ainda. Caminhe para a sua morte como quem carrega no colo o tesouro da vida, sem saber nada além de si. Mas se busque. Busque a si. Sempre! Ou só enquanto o sempre estiver no porvir...
(Débora Paixão)