ainda ontem uma lagarta
na ocasião de virar crisálida
me fez chorar
às vezes como ontem
penso em como tudo me emociona
o triste
o trivial
os detalhes...
as coisas aparentemente impenetráveis
me emocionam pela insistente resistência
de suas couraças
penso em tudo quanto é coisa
que me emociona transbordando os olhos
e deixando a alma no aspecto sedoso
das pétalas...
um ninho
um desafino
um raio de sol que escapa no dia em o céu está encapado de nuvens
sinto-me por vezes
como um traço que saiu errado
porque a ideia quis que ele fosse lá
e o traço - sendo ele dono de si mesmo -
veio cá
por outras todas vezes
não me reconheço neste mundo
é como se tudo estivesse tanto
e eu sem fazer questão.
o sentido é coisa relativa
ora vem seguido de lógica
ora puramente coração.
eu sinto - através dos poros -
as asperezas das palavras e
o peso quase plumático do silêncio,
como estrelas que dormem
e mantém o brilho aceso.
voar pelos meus olhos
é desprender tudo que já esteve
já deu
passou
foi-se o tempo de ser em algo
estar em voo
é estar em tempo de ser por si mesmo
a qualquer instante
pelo tempo que baste
não ver as coisas desta forma
é para mim ter na alma certa gravidade
que a deixa encostada no chão
eu por mim
fico com o ar
e com as asas
- Deboar Paixão