quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Vivo a flor da pele



Vivo a flor da pele
Com pele-pétala
E pelos-pena
Que dançam fácil
No vento da arte

Sou sensibilidade
Por toda parte
Espinho em forma de flor
Que não espeta
O outro nem ninguém

Respirando poesia
No que for e onde vou
Sendo o pó que a terra ergue
Enquanto as nuvens
Vão e vem...

- Débora Paixão

domingo, 27 de novembro de 2011

um gosto de sábado na boca...



um gosto de sábado na boca
em plena segunda-feira
a sensação de estar submersa
estando próxima a beira
coisas que não se entendem
por mais que se queira
são as coisas que te defendem
todas que me ignoram
as minhas razões se perdem
pois suas loucuras adoram
fazer o infazível fazes bem
a torto e a direito
melhor que ninguém
és meu presente imperfeito
que minha vida mantém
és meu juízo desfeito
que o meu corpo retém
és a impressão doce
do meu lado que foi salgado
antes quisera fosse
o que pudera ser largado
és minha segunda-feira
com gosto na boca de sábado...

- Débora Paixão

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Apenas o penar que vale a pena


Penso, penso, penso
E de tanto pensar
Desisto

Mas nem sempre é isto

Às vezes pensar é breve
E antes de cansar
Arrisco

E tudo fica mais leve

Pensar muito me pesa
Mas penso, penso
E peno

Que o penar daquele que pensa, ao pesar o torna pleno.


- Debora Paixão

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Rede
















A rede balança
Estaticamente parada
E não venta
A árvore e a parede
São o que a rede
Sustenta
Sozinha em sorriso
Esta rede vazia
Lamenta

- Debora Paixão

te via e te tinha


te via e o tinha por mim
perto de mim e nem via
não tinha noção do valor
ou do que perdia
eu mal sabia o que fazia
e você se foi por esta porta
e eu fiquei olhando na janela
quem embaçou com os abraços
que demos embaixo dela
você sorria de canto
e cantava no meu ouvido
até agora duvido do que vivi
era você quem me tocava
nas notas que não ouvi
senti e fingi sentir menos
você me falava de sentimento
e eu sempre ri
chorei quando você partiu
e o lugar que você ocupou
permanece vazio
quando você falava que queria
e eu evitava o olhar que te feria
tive medo do que estava por vir
eu mesma fechei a porta
pela qual vi você partir
meu bem,
você era o bem que nem sabia
tanto bem você fazia e eu não fiz
faria hoje o impossível
para você ser feliz
seu jeito mano de dizer amor
hoje para rima só me resta dor
que Deus sabe o quanto
e Deus sabe e pra ele oro
peço pelo seu bem
e pela paz que traz a oração
peço a ele de coração
que o meu bem seja seu
e o seu meu e de mais ninguém
queria te falar ainda guardo
o sentimento, e tudo o mais
na minha mente
que além dos presentes
o futuro está embrulhado
com o laço que criamos
e que não pode ser violado
te espero meu bem
pelo nosso bem
e paz de Deus em nós
Amém...

Débora Paixão

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Borboleta


Uma borboleta
AMARELA
Pousou na minha janela
Ela tão linda era
Que até você
Iria amar ela

Embora o correto seria
AMÁ-LA
Não vejo sentido
Concreto
Já que na mala se guarda
O que se pode ter perto

Voou pelo céu aberto
A borboleta AMARELA
Em seu caminho incerto
Só as nuvens tocam nela

- Débora Paixão

sábado, 29 de outubro de 2011

sábado, 8 de outubro de 2011

...



Eu me conheço na medida em que me testo, que me provo, que me experimento. Se me ponho a prova do que desconheço, é nessa experiência que me torno a prova de tenho que tudo aquilo que mereço.

- Débora Paixão

sábado, 1 de outubro de 2011

todo chão que o pé pisa...















todo chão que o pé pisa
todo mar que é de brisa
de poesia precisa

tudo que a mão alcança
tudo que no vento dança
no meu verso manda

tudo que a lua olha
tudo que a chuva molha
meu poema adora

- Débora Paixão


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

somo tanto ...

somo tanto
o que sou
com o que fui
que meu saber
flui

sumo aos poucos
com o que seria
e assumo o risco
de ser quem sabe
o que queria

sou a soma
e o sumiço
das coisas todas
que ficaram
e que foram

mais que antes
menos que agora
sou aquela
que não vê data
nem espaço
nem hora


sou alguém
que vive apesar
e com o pouco
que se tem

sou algo além
quando sigo
sem esperar
pelo que me vem

- Débora Paixão


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Vou deixando...

Vou deixando
Que meu anjo está olhando
Lá de cima, nas alturas
A pequeneza no caminho
Vou andando vagarinho
Que lá de cima o meu anjo
Não me deixa ir sozinho

Vou deixando
Que o vento vai levando
Águas que rolaram,
Continuam por aí rolando
E eu vou deixando

Vou deixando no caminho
Sementinhas de bom grado
Do bem e de valor
Vou deixando as sementes
Para males mal curados
Para pesos não tirados
A cura para toda dor

Das sementes vão brotar
Os amores que não cresceram
Os dizeres que não disseram
E a paz que não tiveram

Vou deixando as sementes
E com elas, os seus frutos
Para quem quiser um dia
Tirar proveito disso tudo
Sequer eu saberia a data
Em que estivesse maduro
Mas do verde que se sente
O sabor azedo e profundo
Faz lembrar o gosto de açúcar
Que terá o nosso mundo

- Débora Paixão

terça-feira, 30 de agosto de 2011



Naquela noite eu fui ao seu encontro, pronta e despreparada. Era a união de todos os meus conflitos mais internos e mais extremos. Eu me sentia bem, por estar ao seu lado, e triste por pensar, por sentir, que seria o último encontro. Eu quis dizer, quis fazer, quis tanto e pude apenas algumas coisas. O meu limite era antecipado. Eu via o mar, mas mantive a água no joelho. Este mar ainda me inunda; está para me afogar, mas forçosamente, (graças a Deus e a teimosia da própria vida) estou aprendendo a nadar e prestes a alcançar o barco.

- Débora Paixão

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Histórico



Não nos fizemos bem
E por fim fizemos as pazes
De malas prontas e amor atrasado
Nos fizemos do que tínhamos
Do pouco aumentado
E do nada que não queríamos


- Débora Paixão

domingo, 24 de julho de 2011

o meu amor se foi



o meu amor se foi
mas deixou lembrança
deixou seu cheiro em meu cabelo
e sua marca no travesseiro
deixou sua presença no ar
o meu amor foi ao banheiro
fingi dormir enquanto ia
e vi a imagem no espelho
que água levou na pia
o meu amor se foi
mas ficou comigo ainda
no meu sorriso teimoso
nas canções que canto
enquanto distraída me levanto
por sentir que o meu amor
que o meu amor volta
e vai voltar com outro cheiro
outra cor, outra forma, outros ares
meu amor quando volta
não volta o mesmo
na verdade não volta nunca
porque ele nunca se vai
o meu amor é o que está a minha volta
o que me atrai e me distrai

- Débora Paixão

terça-feira, 12 de julho de 2011

Dos quereres meus

Quando você passar por mim da próxima vez, será como a primeira. Não existem reencontros. Todo encontro por mais que seja lembrado, foi passado e o presente vale mais a pena.
Não quero te ver com os mesmos olhos, nem quero que os mesmos olhos me vejam. Quero o novo a todo instante, o eterno encantamento. Quero te sentir antes mesmo que me toque, seu calor, sua energia. Quero a química misteriosamente indestrutível.
Quero te dizer todo meu silêncio, durante um beijo, durante um olhar, durante um suspiro.
Quero te ter como nunca tive, como nunca foi, como será.

- Débora Paixão


quinta-feira, 30 de junho de 2011

Foi o que era



















Era simples e absurdo
E todas as coisas
Fizeram-se belas
Eram belas todas as coisas
E simplesmente
Eram todas elas
Era tudo que não era
Foi logo na primavera
Foi-se tudo com o vento
Era o céu e o firmamento
Tão lindo e tão azul
Era o meu tempo cinzento
Todas as coisas eram
Todas as coisas foram
E não floriram meu jardim
Todas elas erraram
Enquanto caíam as folhas
Que o vento tirou de mim...

- Débora Paixão

quarta-feira, 22 de junho de 2011

fosse



















fosses tu minha poesia
seria a minha rima mais rica
nos espaços que se encaixam
todo sentido que me suplica
fosses tu meus versos
seria silabicamente perfeito
onde a medida exata das coisas
desmedidas, faz seu leito
fosses tu além do que escrevo
seria de rosa o seu coração
a primeira pétala a desprender-se
do viver sufocado em botão
ah! se tu fosses mais que és
não caberia no universo em mim,
expande-se em notas infindáveis
seu tom de anjo, querubim
lhe mantenho tanto em cantos,
pontas, extremos e restos
que te vejo a frente e de relance
em tudo que foi partido, és tu a força
que desejo ao meu alcance
creio que de tudo que me resta
serias tu o que se guarda de mais valor
fosses tu palavra em minha boca
não há dúvidas que seria amor ...

- Debora Paixão

quarta-feira, 15 de junho de 2011

meus galhos florescem...



meus galhos florescem
um tipo de dor
espero, quem sabe
um dia, não tarde
meus galhos te brotem
em forma de flor


- Débora Paixão -

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Nada


Guardo mais coisas no olhar
Que estrelas, o céu.
Já no peito, nada trago.
Acumulo gotas de chuva
Quando penso em nuvens
Que não passam.
Guardo mais coisas dentro
Que peixes, o mar.
De tudo que guardo,
Muito teimo em não lembrar
O motivo de tê-las guardado;
Que quer seja,
Em qualquer lugar.
Já lhe disse que no peito
Nada trago e nem quero?
Tudo que pesa, que se lance...
Tudo aquilo que rejeito,
Aos poucos, estejam todos
Fora do meu alcance.

- Débora Paixão

quarta-feira, 1 de junho de 2011



Alguém colocou um ponto final. Eu fingi não ver. Tratei de arrumar mais dois pontinhos e por muito tentei enfileirá-los, lado a lado. Mas, hoje eu cansei. Cansei de tentar transformar ponto final em reticências. Cansei de tentar mudar os fatos. Aqueles dois pontinhos que sobraram em minhas mãos, coloquei-os um em cima do outro, para enfim dizer, sem remorso, o seguinte: FIM

(Débora Paixão)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Relutância



ando perdida no breu
de minhas enganações
dando vida a centenas de "mas"
parindo milhares de "poréns"
entretanto na verdade
a verdade é única
e luz na minha escuridão
à minha volta tudo brilha
sequer meus olhos fechados
podem tirar tanto brilho da mente
e esta luz não se apaga
e luz e brilha e queima
na memória que desejo esquecida
e mantenho aquecida em mim
não, não posso abrir os olhos
não enquanto for assim
eu sei bem que deveria
mas algo que não me diz
eu ouço no ouvido bem baixinho
dizendo: há um porém ...

(Débora Paixão)

quarta-feira, 25 de maio de 2011



Devemos plantar bons pensamentos em nossa mente e alimentar bons sentimentos em nosso coração. Sementes que fazem mal até que se obtenha os frutos, não devem ser plantadas; roubam sua energia para o que é bom, para o que é do bem...

Débora Paixão

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ida Vida


"via a vida passar
debruçada na janela
ela nem via
só olhava
olhava as formas
os movimentos
a dança do vento
a forma das coisas
as cores
não olhava mais
para os seus amores
tampouco olhava ela
para suas dores
olhava ela e nada via
tudo havia e ela nada
tudo era dela e mal sabia
tudo que a vida oferecia
era dado de graça
e sem graça ela
nem sequer sorria
e ela viveu toda a vida
a não ver o que a própria
vida lhe trazia"

(Débora Paixão)

sábado, 7 de maio de 2011

Anestesia cotidiana


Andando pela rua a espera de coisa alguma.
Olhando os postes, o céu, as lojas, as vitrines, os cachorros, a sujeira, as pichações, os pombos, as pessoas...
Sentindo o cheiro da pipoca, de poluição, de perfumes, de chuva, de pessoas...
Nada parecia fazer sentido, mas tudo parecia se encaixar.
A mãe segurando o filho pelo braço, o filho olhando a pipoca, o pipoqueiro olhando as pessoas, as pessoas indo e vindo, o fluxo intenso dos carros, os semáforos, os pedestres. Até mesmo o mendigo embrulhado em jornais no chão parecia se encaixar no cenário da grande cidade. Ele chacoalha a caneca de alumínio a pedir moedas, se alimentando de restos. As pessoas com pressa, os carros buzinando, as moedas tilintando, ambulantes gritando, o sino da igreja tocando...
Ah, mas o mendigo, ninguém parece notá-lo.
- Uma moeda pelo amor de Deus...
(Eu devo ter o troco do ônibus),
- Pronto, fique com Deus.
Um sorriso meio besta, meu, em troca de um cansado piscar de olhos, dele.
Eu fico pensando: Por que motivo as pessoas teriam se anestesiado? Onde foi que elas perderam a sensibilidade? O lado humano...?
LIQUIDAÇÃO!
Oba! ... Droga! Faltam só algumas moedas para inteirar o valor, se eu não tivesse... hm?
O mendigo! Como é que ele foi parar ali? Será que um dia as coisas deram certo para ele e de repende tudo acabou? Se for assim, eu poderia estar ali um dia?
Credo... Nossa, eu com tantas tarefas a fazer e aqui pensando nessas coisas.
É semana de prova. Ah, eu entendo a pressa. O futebol, a novela, a lasanha no forno, o horário do vôo, louças para lavar, a hora da missa, ora, tantas coisas...
Então, no caminho de casa, olho os passarinhos, as árvores, as folhas caidas no chão, um cachorrinho a se limpar, as pombas comendo migalhas...
Hm.. o mundo é mesmo muito lindo. Olhando coisas assim, a gente percebe como é bonito viver. Gente, onde eu estava com a cabeça? ...


(Débora Paixão)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

tudo eterno que desmancha ...


tudo eterno
que desmancha
antes do tempo
tende ao belo
e finda triste
nem mesmo
a pureza do que
quer que seja
ao tempo resiste


- Débora Paixão

quarta-feira, 27 de abril de 2011

amor, amor




o amor que guardo cá no peito
apertou-se para dar jeito
de lhe amar como convém

amor tanto vai e chega e fica
que por vezes amar complica
de ir e vir, me leva além...

Débora Paixão

domingo, 17 de abril de 2011

Primeira Vez

"Quando vens a mim assim
Como na distância que tem dois lábios
No momento em que se beijam
Eu estremeço,
Desapareço lentamente deste mundo...
É como se desenhasse uma rota em mim
Ao deslizar suas mãos sobre meu corpo
Que me levasse até o paraíso
Como uma nave a levantar vôo
E sobrevoar caminhos desconhecidos
Nunca tocados
E então pousa em terra firme
Neste território que por ti esperava...
Se num átimo, estrelas me firmam o teto
E luzem sobre onde estamos
Jorram de todas as fontes
O amor que contemplamos
Do lugar onde estivemos, lembraremos
E de lembrar os fatos
Vontades virão de revivê-los
E de tantos únicos momentos
Não nos cansaremos.
Há de ser primeira todas as vezes
que nos tocarmos..."

(Débora Paixão)

domingo, 10 de abril de 2011

Segue sendo

Uma gota de limão
e seu doce perfeitamente
exala o melhor perfume.
Deitado na grama verde,
de capim enorme,
que me dá nos ombros,
vejo como é grandioso
quando teu olhar,
sob o sol, encontra o meu

e as nuvens se desfazem...

(Débora Paixão)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Soneto do Medo Maior

Onde habita o medo em mim
Há sombras que entristecem
E um vazio onde ecoa um grito
Sem dor, sem voz, sem fim

Em mim onde o medo habita
Portas e gavetas trancam
Tão fundo que se perdem
Toda palavra nunca dita

Onde em mim habita o medo
Um monstro se alimenta
E cada vez mais forte fica

Se o medo é o que sustenta
Não há lugar pro amor na vida
E nem viver a vida aguenta

(Débora Paixão)

terça-feira, 29 de março de 2011

Pandora

O espaço do tempo,
antes e agora.
A escassez da espera
longo tempo demora.
O comprimento da dúvida
expelida para fora.
O vazio de dentro
quando tudo evapora.
O ar que viaja
e não leva embora.
O não que afirma,
a certeza apavora.
A curiosidade do sempre
no novo se aflora.
Toda lógica aparente
some uma hora.
Antes que se tente
firmá-la com o presente,
saiba que piora.

(Débora Paixão)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Alice


Antes Alice era um sonho.
E agora Alice será
Um sonho que se pode tocar.
E eliciará sorrisos,
Por onde ela passar.
Até do cantinho esquecido,
De onde o riso não vinha,
Dali também ele virá.
E verão Alice sorrir
Primaveras com o olhar.
Dentro do próprio sorriso
Seu mundo, ali será.

(Débora Paixão)

Que venha com saúde minha sobrinha linda, para nos trazer grandes alegrias!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Mentira

de amor previsível
é vísivel que estou farta
cartas, bilhetes, flores
amores que vêm
e passam

moço que esconde
este amor onde não vejo
tenho um desejo contido
de dizer-lhe o indizível,
mas esqueço

(Débora Paixão)

domingo, 13 de março de 2011

Tem vez que desata

Entre arrogância e preocupação
Pautas e divagações.
Entre o prático e o complicado
Excessos e exceções.
Entre o que parece e o que é
Certezas e enganos.
Entre entradas e saídas
Pela porta e pelo cano.
Entre todos os extremos, estamos.
No espaço de tudo que nos separa
É que nós nos desencontramos.

(Débora Paixão)

sábado, 5 de março de 2011

Carnaval

"velório às pressas
o corpo perece mais rápido
o cortejo funebre segue
eles cantando com pesar
a partida, a passagem
a vida, a esperança
- de um reencontro -
todos vão cantando
entre soluços e lágrimas...
mas aqui é Brasil
em época de carnaval
ninguém quer saber disso
e cantam sobre o país
enquanto desfilam na avenida
cantam a alegria inacabável
que todo mundo sempre sente
como se a vida bastasse
a morte nunca chegasse
o mundo acaba em sexo
beijos, festas, danças
pulos e pura alegria
no final do baile
as máscaras ficam na rua
com seus sorrisos largos
largados, sozinhos..."

(Débora Paixão)

quinta-feira, 3 de março de 2011

De Saco Cheio

De voar a tanto
pelos quatro cantos,
nada anda inteiro.
Tudo pelo meio.
Aquele pranto
ainda não me veio...
Pode ser que venha,
ou que voe.
Mas tem dias
que o dia me vem,
vindo.
Nestes dias fico,
me finco
e não desprendo.
Tantos dias
quais me defendo
e de tudo que me cai
pouco entendo.
Dias encontro
o exato ponto,
mas renego.
Dias estrago tanto,
que até o prato
mais doce, azedo.
Fica cinza tudo
e nada luz.
Todo silêncio escuro,
frente à imensidão do mundo,
rapidamente se reproduz.
Então fica escasso...
Sobrando sempre
mais do que cabe no espaço.
Dias que esqueço
pago alto preço
e me faço mudo.
Mundo que me veio!
De ti, oh, mundo meu,
imundo e alheio,
ando de saco cheio.
Sem voz, meu verso,
à vós se explica:
Quanto mais mundo há em mim
mais mudo tudo fica.

Débora Paixão

sábado, 26 de fevereiro de 2011

hai kai s

"uma voz ao léu
me conta depressa:
a calma, dispersa"

"caído sobre o asfalto
o pássaro sofre, calado
pena por todos os lados"

"ando meio dividida
de um lado, em dúvida
com o outro, em dívida"

(Débora Paixão)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Poesia Minha

A minha poesia
tem vida, respira.
Ela própria é
INSPIRAÇÃO!
Ela inspira, eu faço;
Se expira, eu passo.
Ajo assim porque funciona
Porque assim funciono
É minha respiração
Aquela que inspira ação...
(Débora Paixão)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Lápide

"Aqui jaz um corpo
Que apodrece
E por mais cansado
Que pareça
Ainda escreveria
(a ti, a ele, ao mundo)
Se pudesse."

(Débora Paixão)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"Uma taça de vinho
entre o chão
e a lua.
A paixão
no meio do caminho
flutua."
Débora Paixão

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

sem resposta, sem sentido ...

sem resposta, sem sentido
sem sentir coisa alguma
alguém vindo?
são tantos labirintos
alguns chorando
outros sorrindo
perdido em desencontros
num pedido de alforria
num ato de rebeldia
a busca da liberdade
libertina
que toca em suaves notas
sua mais triste melodia
na falta do encontro certo
em meio ao deserto
em plena luz do dia

Débora Paixão

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Toda e Qualquer Lembrança

se não o tenho hoje
nem amanhã
nem ontem tive
nem nunca terei talvez
deveria despreocupar-me
mas é que a vida segue
e é bom seguir devagarinho
sentindo o cheiro, o gosto
de toda e qualquer lembrança
vivida ou criada
na cabeça, no coração, no corpo
e que todo tempo seja sentido
o dia todo, todo dia,
uma vida, uma semana, um mês
ruminarei toda e qualquer lembrança
só para viver o agora,
o nunca, o quem sabe,
todos eles de uma só vez!

Débora Paixão

domingo, 23 de janeiro de 2011

Palpitação

Palpito em dizer-lhe o certo
Que o certo não finge
Mas certo nunca dá.

Palpite vou é guardá-lo
E quando aprouver na vida
Tal saída virá a calhar.

Enquanto caminho, disperso
Certo, errado, longe, perto
Erro por querer errar.

Aquele palpite esquecido
Guardá-lo-ei com carinho
Que talvez nem seja preciso.

O errado faz muito sentido
E algo insiste em fazer o certo
Mas ele anda sempre indeciso.

(Débora Paixão)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

para ser

parecer está
mais para perecer
do que para ser

quem parece pensa ser
e de pensar perece
e nada sabe

perece então achando que
parecer é o único ser
que lhe cabe

(Débora Paixão)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Presságio

Que eu possa dizer que posso
Embora passado um dia
Perca a posse do que possuo
E ainda que passe aos poucos
Algures onde tendo passeado
Peço que frente aos outros
Não haja pressa em meus passos
O que ao mundo eu trouxe
Bem ou mal, não será passado.

(Débora Paixão)