terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Poesia de espera


Desenho de Rafael Alenca


só posso te guardar na minha poesia
para quando a memória estiver cheia
e a cabeça esquecida
é que assim eu te guardo por mais de uma vida

um gole de vinho
um encontro ao acaso
um desenho secreto
e toda lembrança que vem por tópico
vem em flash
como que cheia de brilho
de sussurro, de arrepio

eu vou te guardar na minha poesia
para te ler quantas vezes quiser
e te ter nos meus olhos
ou na minha mão
e onde mais você couber

- Débora Paixão

sábado, 26 de janeiro de 2013

? ...


Paixão eu sei o que significa, mas Débora... hmmmm ... conte-me

Quero ouvir primeiro o que diz por paixão... rs

Hahaha ... Paixão é facil

Cuidado com o que diz! Não sou fácil não rs

Hahahah não sei, mas eu acho que é aquele sentimento bom que a gente sente sempre e depois vai embora. Agora me diga, pra onde você vai?

Buscar um sentimento novo e bom de novo e sempre

Hehe ... Muito bem!

Rs

Paixão não tem q acabar, paixão podia ser pra sempre

Hmmm ta quase saindo um verso rs

Haha Tá mais pra uma cantada barata

Mas se o sempre acaba talvez então ela seja rs.. Ela só dura enquanto a gente deseja

Então não vai acabar mesmo

Rs ... enfim, Débora quer dizer abelha

Olha, que peculiar!

É também o nome de uma profeta

Talvez também explique porque gosta tanto do mé

Hahahahahaha

Ai ai

O fato da abelha ter um ferrão e eu ser apaixonada por psicologia cujo simbolo é um tridente acho que diz alguma coisa ... delas voarem em ziguezague e eu não conseguir andar em linha reta também hahahahaha

Hahahahah

E porque esse seu ai ai?

Suspiro

Pra quem? rs Ou pq? rs

Boca fechada não entra abelha

Hahahahahha, mas ela pode picar você

Aiai

Esse foi de dor rs

Suspiro

Mas você tá muito suspirante rs

Rs aprendi com a paixão... Não é o q a paixão faz com a gente?

...

Conversa entre ? e eu ...

domingo, 20 de janeiro de 2013

Lembrança de Vida que Ainda Anda Viva






















"Sou adepta do bom e velho rock and roll
E como toda boa paulista
Guardo um pedacinho de pedra
E uma flor num lado escondido do coração
Mas alguma coisa acontece comigo
E não é quando cruzo a Ipiranga
Com a avenida São João
Alguma lágrima me cai
Quando chora o som do acordeão
Desculpem-me quem acha que traio
Dos paulistas durões a tradição
Mas sou filha de nordestino
Pernambucano, sim senhor!
E dentro de mim cabem alguns mares
Alguns sertões e alguma dor
Da terra de Gonzagão e Dominguinhos
Sanfoneiros por amor
Dali nasceu meu pai, papi ou painho
Devoto de Padim Ciço
Que reza do lado do radinho
Todos os dias ao nosso Senhor

E volto a falar da sanfona
Aquela pela qual choro um choro
De tanta beleza e encanto
Que fala a voz de um povo
Que é meu também, mas nem tanto
É que assim como o resto do povo
O Nordeste, cantinho querido
Tem vivido um tanto esquecido
Que de cima embaixo fica no meio
E de uma ponta a outra, no canto
E ficam lá a beleza e a dor
Esquecidas
E digo que o mau esteja aí, talvez
Deste esquecimento todo, talvez
Venha o mau humor e a tez franzida
Ranzinza e com altivez
Se o povo visse e ouvisse
Os "visse" e os "oxente"
E pudesse sentir o que esta gente
Nos diz com sofrida voz
O mundo estaria mais rico
E o Brasil seria lembrado
De sua própria história e cultura
Sem ter que pegar emprestado

De Garanhuns, cidade das flores -
A Palmeirina, onde painho
Nasceu e foi criado
Que conheci de visita
Num tempo longe e apressado
Lembro somente do clima
Lembrança minha de menina
Que aos 7 anos atravessou o Brasil
Num ônibus por 3 dias
Para chegar lá do outro lado
E conheci voinha e voinho,
Que depois de um ano se foi
Visitar a Deus do céu sozinho
E acredito que deva ter gostado
Pois ele não voltou mais
Voinho já ia cansado

E dessas lembranças que tenho
Eu guardo umas histórias embaçadas
Que a TV, e meu pai me recordam
Lampião e Maria Bonita, o cangaço
O mandacaru, o baião, o xaxado
E lembro mesmo é da sanfona chorando
E o povo sorrindo e dançando
Naquele clima abafado
Mas lembro sempre sorrindo
Com um choro contido
E um nó apertado - cá dentro do peito
Peito que sabe do choro
Do esquecimento, da dor, da poeira
Da sujeira do pé descalço
Mas ela chora de bonita que é
Mostrando o que o Nordeste é:
O canto mais próprio, mais puro
Que não copia e nem quer
E que pede ao Sol todo dia
Que a pele não queime tanto
Que a gente se lembre no futuro
De toda história e beleza
Que a sanfona chorona nos lembra
Sempre, através do seu pranto"

à meu pai, Diomar, com carinho

Débora Paixão


Fotografias de Gian Fernandes
https://www.facebook.com/GianFernandes.Photo.Art

Obrigada Gian :)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

e tenho dito

o que sinto é indizível
embora queira dizer
que um dia fora insentível

e não sentir o que eu
não mais sentir eu
não sentir mais
não mais o meu
nem o teu

e eu sentiria algo
se pudesse lhe dizer
que achei sequer um sentido
no que acabei de escrever

- Débora Paixão




quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

ADIVINHA


vou pousar em você
o meu corpo
mas vou pousando
aos poucos
me pondo em ti
aos pedaços
te por pra cima
e pra baixo
ou do lado
onde melhor me encaixo
vou tapar seu olhos
e cobrir sua boca
com minha vontade louca,
de cobrir-te inteiro
vou espalhar-me
por todo canto
e pelo meio
há de sobrar uma parte sua
que ainda não conhecera a minha
mas é apenas ainda
e direi em seu ouvido
encostando-lhe a ponta da língua
o que não falarei agora
para ver se você adivinha...

- Débora Paixão