quinta-feira, 8 de abril de 2010

Vazia até a tampa.

Tem dia que o mundo gira tão devagarinho, que parece parado. Tudo cala. Só se ouve a consciência dizer tudo aquilo que não é hora de dizer. Surge então o tremendo desejo de se ter uma mente surda e muda. Nessas horas são escritos os mais belos textos, as mais belas palavras. Elas vêm de mãos dadas, sorrindo e brincando de roda. Elas vêm daquele cantinho escuro que você evita contato. Daquele buraquinho por onde sai a dor. Quanto maior a dor, maior vai ficando o buraco, até criar um abismo. E as palavras dançantes ficam a bailar dentro dele e não se desgrudam. Cada uma traz um pouquinho de culpa, de tristeza, de ódio, de inveja, de mágoa, de amargo... E nos olhos de todas elas, há sempre uma lágrima prestes a cair, mas elas sempre estão sorrindo, apesar de tudo. Sorriem porque afinal a dança fica bonita. E é bonita porque é triste. Toda beleza é um pouco triste. Há muito que se pensar enquanto se esvazia, mas o desejo é que se esvaziem os pensamentos e que não reste nada. Ser corpo deveria bastar. Para muitos ser corpo basta. A mim ainda restam outras coisas e a maioria fica bem guardada, esperando o momento oportuno de se mostrar. Momentos como esse, talvez ... e o talvez sempre vem tarde, quase foi a última palavra, mas esta quer sempre ser a última, a palavra.

Débora Paixão

3 comentários:

Marília Oliveira disse...

minha "Pequena fagulha da luz do mundo..."

A escritora da alma mais bela e feliz que conheço...

me enche de alegria e orgulho, me abre sempre um sorriso (de felicidade) passar por aqui...


Beiijos, Flor de Laranjeira*

Anônimo disse...

Tenho pensado muito sobre a beleza da tristeza (elas até rimam, veja só), e por mais bonito que seja, por mais profundo, vale mesmo a pena... a alegria boba e sutil é tão gostosa...consegue sim, ser bonita, delicada...suspensa, sempre

Paixão disse...

Mari, sempre marcando presença *-*
te amo tanto amigaaaa ... obrigada!

Cacau disse tudo!

Beijos