quinta-feira, 30 de junho de 2011

Foi o que era



















Era simples e absurdo
E todas as coisas
Fizeram-se belas
Eram belas todas as coisas
E simplesmente
Eram todas elas
Era tudo que não era
Foi logo na primavera
Foi-se tudo com o vento
Era o céu e o firmamento
Tão lindo e tão azul
Era o meu tempo cinzento
Todas as coisas eram
Todas as coisas foram
E não floriram meu jardim
Todas elas erraram
Enquanto caíam as folhas
Que o vento tirou de mim...

- Débora Paixão

quarta-feira, 22 de junho de 2011

fosse



















fosses tu minha poesia
seria a minha rima mais rica
nos espaços que se encaixam
todo sentido que me suplica
fosses tu meus versos
seria silabicamente perfeito
onde a medida exata das coisas
desmedidas, faz seu leito
fosses tu além do que escrevo
seria de rosa o seu coração
a primeira pétala a desprender-se
do viver sufocado em botão
ah! se tu fosses mais que és
não caberia no universo em mim,
expande-se em notas infindáveis
seu tom de anjo, querubim
lhe mantenho tanto em cantos,
pontas, extremos e restos
que te vejo a frente e de relance
em tudo que foi partido, és tu a força
que desejo ao meu alcance
creio que de tudo que me resta
serias tu o que se guarda de mais valor
fosses tu palavra em minha boca
não há dúvidas que seria amor ...

- Debora Paixão

quarta-feira, 15 de junho de 2011

meus galhos florescem...



meus galhos florescem
um tipo de dor
espero, quem sabe
um dia, não tarde
meus galhos te brotem
em forma de flor


- Débora Paixão -

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Nada


Guardo mais coisas no olhar
Que estrelas, o céu.
Já no peito, nada trago.
Acumulo gotas de chuva
Quando penso em nuvens
Que não passam.
Guardo mais coisas dentro
Que peixes, o mar.
De tudo que guardo,
Muito teimo em não lembrar
O motivo de tê-las guardado;
Que quer seja,
Em qualquer lugar.
Já lhe disse que no peito
Nada trago e nem quero?
Tudo que pesa, que se lance...
Tudo aquilo que rejeito,
Aos poucos, estejam todos
Fora do meu alcance.

- Débora Paixão

quarta-feira, 1 de junho de 2011



Alguém colocou um ponto final. Eu fingi não ver. Tratei de arrumar mais dois pontinhos e por muito tentei enfileirá-los, lado a lado. Mas, hoje eu cansei. Cansei de tentar transformar ponto final em reticências. Cansei de tentar mudar os fatos. Aqueles dois pontinhos que sobraram em minhas mãos, coloquei-os um em cima do outro, para enfim dizer, sem remorso, o seguinte: FIM

(Débora Paixão)