Nasci
sob um corpo pensado por mim antes mesmo de sequer poder pensá-lo
Tocá-lo
então, era uma proibição que antecedia, inclusive, o pensamento.
Diziam-me
as vozes:
Cubra-se!
Vista-se! Comporte-se! Feche as pernas! Abra a boca!
Sorria!
Agradeça! Peça desculpas! Não chore!
Deram-me
tantas ordens... Tornei—me ordinária.
Por
vezes, os interrompia ao passo que rompia o silêncio forçado ao qual fui
submetida.
Hoje,
faço! Abro! Enfio! Esfrego! (...) Toco! Engulo! Cuspo! Gozo – e gosto!
Não me
culpo nem os desculpo.
De
olhos arregalados, hoje, olham para o meu despudor.
É
verdade, eu sei, explodi.
Ou
talvez, só tenha gozado disso tudo.
Quebrei, pois a lei do silêncio e não mais calei-me
Pelo contrário, gemi,
gritei, enfim ejaculei-me.
Débora Paixão
5 comentários:
"Não me culpo nem os desculpo". Você: forte e liberta! Você: sempre incrível! Continue a ejacular-se em vida e poesia! <3
Poema fortíssimo e necessário.
Você tem uma sensibilidade incrível para escrever, cativa e emociona a quem se atreve a ler.
Sou seu fã =)
Mao e Mateus! Meus fiéis companheiros de jornada poética, é sempre tão bom vê-los aqui! Meu coração se enche de alegria! Essa poesia foi dureza! Obrigada por serem e estarem!
Beijos
Obrigada Digo! Fico lisonjeada! Beijo :)
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