quarta-feira, 21 de abril de 2010

o que mais se quer

o que mais se quer
não se pode aceitar
aceita-se a tudo então
que não se pode evitar
o que não pode parecer
é tudo aquilo que é
simples pareça o ser
pra não ser o que se quer

Débora Paixão

segunda-feira, 19 de abril de 2010

+ haicais

"com certa estranheza
sua estranha beleza
me leva a loucura"

"tempo de fantasia
de mãos dadas
só amor e alegria"

"a nuvem se enche
a chuva se joga
a janela se fecha e chora"

Débora Paixão

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Vazia até a tampa.

Tem dia que o mundo gira tão devagarinho, que parece parado. Tudo cala. Só se ouve a consciência dizer tudo aquilo que não é hora de dizer. Surge então o tremendo desejo de se ter uma mente surda e muda. Nessas horas são escritos os mais belos textos, as mais belas palavras. Elas vêm de mãos dadas, sorrindo e brincando de roda. Elas vêm daquele cantinho escuro que você evita contato. Daquele buraquinho por onde sai a dor. Quanto maior a dor, maior vai ficando o buraco, até criar um abismo. E as palavras dançantes ficam a bailar dentro dele e não se desgrudam. Cada uma traz um pouquinho de culpa, de tristeza, de ódio, de inveja, de mágoa, de amargo... E nos olhos de todas elas, há sempre uma lágrima prestes a cair, mas elas sempre estão sorrindo, apesar de tudo. Sorriem porque afinal a dança fica bonita. E é bonita porque é triste. Toda beleza é um pouco triste. Há muito que se pensar enquanto se esvazia, mas o desejo é que se esvaziem os pensamentos e que não reste nada. Ser corpo deveria bastar. Para muitos ser corpo basta. A mim ainda restam outras coisas e a maioria fica bem guardada, esperando o momento oportuno de se mostrar. Momentos como esse, talvez ... e o talvez sempre vem tarde, quase foi a última palavra, mas esta quer sempre ser a última, a palavra.

Débora Paixão

sábado, 3 de abril de 2010

O que há?

há quem viva a vida
de maneira despropositada
como quem não sabe
como quem não quer
há tanto que querer
que alguns nem acreditam
no quão doce a vida pode ser
e acaba por assim dizer nem sendo
e quanto amor poderia crescer,
que antes de nascer acabou morrendo?

Débora Paixão