sexta-feira, 27 de maio de 2011
Relutância
ando perdida no breu
de minhas enganações
dando vida a centenas de "mas"
parindo milhares de "poréns"
entretanto na verdade
a verdade é única
e luz na minha escuridão
à minha volta tudo brilha
sequer meus olhos fechados
podem tirar tanto brilho da mente
e esta luz não se apaga
e luz e brilha e queima
na memória que desejo esquecida
e mantenho aquecida em mim
não, não posso abrir os olhos
não enquanto for assim
eu sei bem que deveria
mas algo que não me diz
eu ouço no ouvido bem baixinho
dizendo: há um porém ...
(Débora Paixão)
quarta-feira, 25 de maio de 2011
1ª
terça-feira, 17 de maio de 2011
Ida Vida
"via a vida passar
debruçada na janela
ela nem via
só olhava
olhava as formas
os movimentos
a dança do vento
a forma das coisas
as cores
não olhava mais
para os seus amores
tampouco olhava ela
para suas dores
olhava ela e nada via
tudo havia e ela nada
tudo era dela e mal sabia
tudo que a vida oferecia
era dado de graça
e sem graça ela
nem sequer sorria
e ela viveu toda a vida
a não ver o que a própria
vida lhe trazia"
(Débora Paixão)
debruçada na janela
ela nem via
só olhava
olhava as formas
os movimentos
a dança do vento
a forma das coisas
as cores
não olhava mais
para os seus amores
tampouco olhava ela
para suas dores
olhava ela e nada via
tudo havia e ela nada
tudo era dela e mal sabia
tudo que a vida oferecia
era dado de graça
e sem graça ela
nem sequer sorria
e ela viveu toda a vida
a não ver o que a própria
vida lhe trazia"
(Débora Paixão)
sábado, 7 de maio de 2011
Anestesia cotidiana
Andando pela rua a espera de coisa alguma.
Olhando os postes, o céu, as lojas, as vitrines, os cachorros, a sujeira, as pichações, os pombos, as pessoas...
Sentindo o cheiro da pipoca, de poluição, de perfumes, de chuva, de pessoas...
Nada parecia fazer sentido, mas tudo parecia se encaixar.
A mãe segurando o filho pelo braço, o filho olhando a pipoca, o pipoqueiro olhando as pessoas, as pessoas indo e vindo, o fluxo intenso dos carros, os semáforos, os pedestres. Até mesmo o mendigo embrulhado em jornais no chão parecia se encaixar no cenário da grande cidade. Ele chacoalha a caneca de alumínio a pedir moedas, se alimentando de restos. As pessoas com pressa, os carros buzinando, as moedas tilintando, ambulantes gritando, o sino da igreja tocando...
Ah, mas o mendigo, ninguém parece notá-lo.
- Uma moeda pelo amor de Deus...
(Eu devo ter o troco do ônibus),
- Pronto, fique com Deus.
Um sorriso meio besta, meu, em troca de um cansado piscar de olhos, dele.
Eu fico pensando: Por que motivo as pessoas teriam se anestesiado? Onde foi que elas perderam a sensibilidade? O lado humano...?
LIQUIDAÇÃO!
Oba! ... Droga! Faltam só algumas moedas para inteirar o valor, se eu não tivesse... hm?
O mendigo! Como é que ele foi parar ali? Será que um dia as coisas deram certo para ele e de repende tudo acabou? Se for assim, eu poderia estar ali um dia?
Credo... Nossa, eu com tantas tarefas a fazer e aqui pensando nessas coisas.
É semana de prova. Ah, eu entendo a pressa. O futebol, a novela, a lasanha no forno, o horário do vôo, louças para lavar, a hora da missa, ora, tantas coisas...
Então, no caminho de casa, olho os passarinhos, as árvores, as folhas caidas no chão, um cachorrinho a se limpar, as pombas comendo migalhas...
Hm.. o mundo é mesmo muito lindo. Olhando coisas assim, a gente percebe como é bonito viver. Gente, onde eu estava com a cabeça? ...
(Débora Paixão)
Olhando os postes, o céu, as lojas, as vitrines, os cachorros, a sujeira, as pichações, os pombos, as pessoas...
Sentindo o cheiro da pipoca, de poluição, de perfumes, de chuva, de pessoas...
Nada parecia fazer sentido, mas tudo parecia se encaixar.
A mãe segurando o filho pelo braço, o filho olhando a pipoca, o pipoqueiro olhando as pessoas, as pessoas indo e vindo, o fluxo intenso dos carros, os semáforos, os pedestres. Até mesmo o mendigo embrulhado em jornais no chão parecia se encaixar no cenário da grande cidade. Ele chacoalha a caneca de alumínio a pedir moedas, se alimentando de restos. As pessoas com pressa, os carros buzinando, as moedas tilintando, ambulantes gritando, o sino da igreja tocando...
Ah, mas o mendigo, ninguém parece notá-lo.
- Uma moeda pelo amor de Deus...
(Eu devo ter o troco do ônibus),
- Pronto, fique com Deus.
Um sorriso meio besta, meu, em troca de um cansado piscar de olhos, dele.
Eu fico pensando: Por que motivo as pessoas teriam se anestesiado? Onde foi que elas perderam a sensibilidade? O lado humano...?
LIQUIDAÇÃO!
Oba! ... Droga! Faltam só algumas moedas para inteirar o valor, se eu não tivesse... hm?
O mendigo! Como é que ele foi parar ali? Será que um dia as coisas deram certo para ele e de repende tudo acabou? Se for assim, eu poderia estar ali um dia?
Credo... Nossa, eu com tantas tarefas a fazer e aqui pensando nessas coisas.
É semana de prova. Ah, eu entendo a pressa. O futebol, a novela, a lasanha no forno, o horário do vôo, louças para lavar, a hora da missa, ora, tantas coisas...
Então, no caminho de casa, olho os passarinhos, as árvores, as folhas caidas no chão, um cachorrinho a se limpar, as pombas comendo migalhas...
Hm.. o mundo é mesmo muito lindo. Olhando coisas assim, a gente percebe como é bonito viver. Gente, onde eu estava com a cabeça? ...
(Débora Paixão)
segunda-feira, 2 de maio de 2011
tudo eterno que desmancha ...
tudo eterno
que desmancha
antes do tempo
tende ao belo
e finda triste
nem mesmo
a pureza do que
quer que seja
ao tempo resiste
que desmancha
antes do tempo
tende ao belo
e finda triste
nem mesmo
a pureza do que
quer que seja
ao tempo resiste
- Débora Paixão
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