terça-feira, 29 de março de 2011

Pandora

O espaço do tempo,
antes e agora.
A escassez da espera
longo tempo demora.
O comprimento da dúvida
expelida para fora.
O vazio de dentro
quando tudo evapora.
O ar que viaja
e não leva embora.
O não que afirma,
a certeza apavora.
A curiosidade do sempre
no novo se aflora.
Toda lógica aparente
some uma hora.
Antes que se tente
firmá-la com o presente,
saiba que piora.

(Débora Paixão)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Alice


Antes Alice era um sonho.
E agora Alice será
Um sonho que se pode tocar.
E eliciará sorrisos,
Por onde ela passar.
Até do cantinho esquecido,
De onde o riso não vinha,
Dali também ele virá.
E verão Alice sorrir
Primaveras com o olhar.
Dentro do próprio sorriso
Seu mundo, ali será.

(Débora Paixão)

Que venha com saúde minha sobrinha linda, para nos trazer grandes alegrias!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Mentira

de amor previsível
é vísivel que estou farta
cartas, bilhetes, flores
amores que vêm
e passam

moço que esconde
este amor onde não vejo
tenho um desejo contido
de dizer-lhe o indizível,
mas esqueço

(Débora Paixão)

domingo, 13 de março de 2011

Tem vez que desata

Entre arrogância e preocupação
Pautas e divagações.
Entre o prático e o complicado
Excessos e exceções.
Entre o que parece e o que é
Certezas e enganos.
Entre entradas e saídas
Pela porta e pelo cano.
Entre todos os extremos, estamos.
No espaço de tudo que nos separa
É que nós nos desencontramos.

(Débora Paixão)

sábado, 5 de março de 2011

Carnaval

"velório às pressas
o corpo perece mais rápido
o cortejo funebre segue
eles cantando com pesar
a partida, a passagem
a vida, a esperança
- de um reencontro -
todos vão cantando
entre soluços e lágrimas...
mas aqui é Brasil
em época de carnaval
ninguém quer saber disso
e cantam sobre o país
enquanto desfilam na avenida
cantam a alegria inacabável
que todo mundo sempre sente
como se a vida bastasse
a morte nunca chegasse
o mundo acaba em sexo
beijos, festas, danças
pulos e pura alegria
no final do baile
as máscaras ficam na rua
com seus sorrisos largos
largados, sozinhos..."

(Débora Paixão)

quinta-feira, 3 de março de 2011

De Saco Cheio

De voar a tanto
pelos quatro cantos,
nada anda inteiro.
Tudo pelo meio.
Aquele pranto
ainda não me veio...
Pode ser que venha,
ou que voe.
Mas tem dias
que o dia me vem,
vindo.
Nestes dias fico,
me finco
e não desprendo.
Tantos dias
quais me defendo
e de tudo que me cai
pouco entendo.
Dias encontro
o exato ponto,
mas renego.
Dias estrago tanto,
que até o prato
mais doce, azedo.
Fica cinza tudo
e nada luz.
Todo silêncio escuro,
frente à imensidão do mundo,
rapidamente se reproduz.
Então fica escasso...
Sobrando sempre
mais do que cabe no espaço.
Dias que esqueço
pago alto preço
e me faço mudo.
Mundo que me veio!
De ti, oh, mundo meu,
imundo e alheio,
ando de saco cheio.
Sem voz, meu verso,
à vós se explica:
Quanto mais mundo há em mim
mais mudo tudo fica.

Débora Paixão